Colégio Paulo Freire Jundiaí

Colégio Paulo Freire Jundiaí

terça-feira, 28 de setembro de 2010

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Clique nas páginas de cada turma do nosso colégio, e acompanhe fotos do dia-a-dia das crianças desenvolvendo atividades com a professora, projetos, etc.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

ARTIGO JOSÉ RENATO POLLI

Uma carta para você

*artigo publicado no Jornal de Jundiaí em 22.09.10 e no site do Instituto Faça Parte (http://www.facaparte.org.br/)

José Renato Polli

No último domingo você completaria 89 anos. Li, reli e estudei sua vida e obra como pude. O que mais me atrai são as bases de sua visão sobre o mundo, sua experiência como criança, como cristão, seus amores, seu sentido de humanidade, sua ética universal do ser humano. Você ainda passa sem ser percebido, apesar de ser um mito mundial. Nem todos conseguem lecionar em Harvard, escrever 40 livros traduzidos para dezenas de línguas, criar uma teoria educacional de fama internacional, ser considerado o pai da Pedagogia Crítica, um dos pais da Teologia da Libertação.
Já se vão 30 anos de convivência com o seu pensamento. Juro que aqui na Terra ainda existem muitas pessoas que se esforçam para que você seja lido, entendido, absorvido, não só como teórico da educação, mas como pessoa humana de alta qualificação moral. Pena que nem todos ouvem com os ouvidos atentos. Mesmo escutando parecem não escutar. As ideologias sobre a função da escola predominantes ainda são mais atraentes, parecem estar ligadas às noções de amor que se sustentam mais na satisfação dos adultos que nas reais necessidades das crianças.
Nunca me esqueço da história que sua mulher me contou. Um dia você ficou horas no telefone com alguém. Quando perguntado sobre quem era, disse que não sabia, era engano, mas gostou tanto da conversa, que a continuou com a pessoa do outro lado da linha. Típico de sua personalidade, alguém que se importa com os outros, mesmo aqueles que não conhece. Está faltando tanta humildade, meu amigo, desconfio que nossas angústias por convencer os outros de que educar é, sobretudo, deixar viver, nada tem que ver conosco.
Sim, parece que o problema não é nosso, mesmo sendo. Você deve imaginar como é duro ensinar que educar é construir, que construir implica partilha, que o professor sempre tem algo a dizer e que os alunos sempre têm algo para melhorar, reconstruir. A maioria das pessoas ainda acha que educar é apenas transferir e abortam convivências saudáveis que a construção proporciona, incluindo aí as emoções, o sofrimento, a alegria, a solidariedade, o estar junto por vontade, por compromisso.
São os problemas que enfrentamos depois que você partiu, lutar contra um sistema de ensino que ainda está fundado na ideia da eficiência, não da construção humana. Mas não fique chateado com as notícias, porque continuamos firmes em nossa luta, honrando o seu nome como podemos. Sei quem um dia as coisas ficarão melhores, tenho certeza. Bom, meu caro Paulo Freire, vou me despedindo de você e no ano que vem eu te mando mais notícias sobre a situação. Um abraço, de seu discípulo fiel.
*José Renato Polli é Doutor em Educação (FEUSP). Professor universitário e Diretor do Colégio Paulo Freire.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Discurso do Diretor José Renato Polli no encerramento da XVIII Semana Paulo Freire

Em 19 de Setembro de 1921, nascia no Recife, o mitológico educador Paulo Reglus Neves Freire, patrono de nossa escola. Amanhã ele completaria 89 anos. Infelizmente o perdemos em 1997. Sua realidade social, a pobreza vivida pela família, as dificuldades com a saúde e sua relação de amor com a educadora Elza Freire, e posteriormente com Nita Freire, marcaram profundamente sua visão sobre o mundo e sua concepção de educação. A Pedagogia Libertadora de Paulo Freire acentua a função da escola como agente de transformação social, das injustiças. Ler o mundo e interpreta-lo, precede o domínio da escrita. O respeito à diversidade cultural, aos saberes e vivências pessoais dos alunos devem ser considerados pelo professor. Não é a toa que herdamos o seu nome, não é a toa que a XVIII Semana Paulo Freire acontece nesta semana.
Em visita ao nosso colégio, em 1995, Paulo Freire deixou-nos uma frase que segue como estímulo para continuarmos o nosso trabalho: “Cheguei. Vi. Perguntei. Espantei-me. Gostei. Voltarei.” Em seus 18 anos de existência nossa comunidade escolar, administrada por pais abnegados imbuídos do espírito cooperativista, sempre contou com o amparo intelectual e a presença de renomados educadores brasileiros, como o própprio Paulo Freire, Ana Maria Araújo Freire (que esteve no colégio em várias ocasiões) Yves de La Taille, Julio Groppa Aquino, César Aparecido Nunes, Paulo Ronca, Celso Antunes.
Uma escola que nunca se rendeu aos ditames do mercado privado da educação e cuja confiança da maioria dos cooperados tem se constituído como uma marca para o sucesso das experiências de vida que nela se constituíram. Temos orgulho de, no passado, termos contado com a participação, em nosso corpo docente, de professores como a Dra. Mariângela Borges Salvadori (hoje professora da Faculdade de Educação da USP), do Dr. Rodolfo Antonio Figueiredo (professor da Universidade Federal de São Carlos), da Dra. Dulcineia Ferreira Pereira (professora da Universidade de São Carlos), do Dr. Wanderley Carvalho (professor do Centro Universitário Padre Anchieta), do Dr. Ascísio dos Reis Pereira (professor da Universidade Federal de Santa Maria-RS), da Dra. Valéria Silva Dias (professora da UNESP), do professor Cláudio Lucarevski, hoje cursando doutorado no Canadá e tantos outros dedicados profissionais que compuseram nossa equipe durante esses longos anos.
Uma escola que conta com 80% do seu corpo docente com nível de pós graduação, metade dos professores do Ensino Médio com nível de mestrado, e um dos membros da equipe do Ensino Fundamental I cursando Doutorado em Educação na FEUSP. Conta também em seus quadros, com lendas vivas da e educação jundiaiense, como Ariovaldo Zaniratto, um senhor de mais de 60 anos, 40 deles dedicados ao ensino básico, autor de dois livros didáticos. Membros da equipe docente que nos últimos três anos publicaram 7 livros e antologias sobre educação em parceria com a Editora In House, além de diversas capítulos de livros, participação em eventos acadêmicos, grupos de pesquisa e orientação de estudos em diferentes universidades da região. Temos também orgulho de ter em nosso quadro docente, professoras formadas aqui, como a Tatiana Bernardes e todo o grupo de jovens professoras do período da tarde, preparadas intelectualmente, dedicadas às causas de nosso colégio. Ainda nos orgulhamos de compartilhar a alegria da aposentadoria de alguns de nossos professores e professoras, além da solidariedade mútua nos momentos de tristeza e dificuldades. Temos duas coordenadoras, as professoras Mirene e Carolina, que abraçam além das próprias forças, a imensidão de tarefas que uma educação com foco na pessoa humana implica. E junto com elas, nossos professores se despojam de suas necessidades fundamentais para acolher com amor o ideal de escola que coletivamente construímos.
Uma escola que teve como primeira diretora a Professora Djanira Arruda, um dos grandes pilares de nosso empreendimento educacional, referência primeira dos a tuais membros da equipe de gestão. Uma escola que conta com a bondade e a sabedoria de nossa diretora, professora Maria Silvana Ceresa Silva, que possui 30 anos dedicados ao trabalho com crianças, adolescentes e jovens e cujos filhos aqui se formaram, para depois ingressarem na UNICAMP. Que teve em seus quadros administrativos nosso eterno presidente Pedro Lafaiete do Nascimento, amigo de André Mariano de Castro, nosso ex-presidente. Agora é capitaneada pelo jovem arquiteto Silvio Duarte Filho, um idealista formado pela Faculdade de Arquitetura da USP e que nos interpela constantemente para o espírito da criatividade e de uma educação com liberdade. Sofremos juntos as dores e angústias do imprevisível, mas também compartilhamos as alegrias e sinceridades que a convivência humana, palco das idiossincrasias, contempla.
Uma escola que se orgulha de já ter contribuído para a formação de 270 moços e moças que terminaram o ensino médio já faz muito tempo. Nossos orgulhos, como Felipe Pessoto, cursando Mestrado na USP; José Edgar Valente, que participou de um projeto na agência espacial americana, a Nasa; Jéssica Ricci Gago, advogada formada pela faculdade de direito da USP; Andréia Dulianel, que recente defendeu dissertação de mestrado em artes plásticas, na Unicamp; Thais Tartalha do Nascimento, que atualmente cursa doutorado em Antropologia na Unicamp e é editora da Revista Ruris; Tiago de Melo, jovem engenheiro que trabalhou na Companhia Vale do Rio Doce; Guilherme Almeida, advogado do segundo maior grupo econômico do Estado do Paraná; Fábio de Nuccio, que está se formando em medicina na FMJ, Camila de Angelis, que cursa Medicina na UFSCarlos; Thales Pupo West, que cursa mestrado em Engenharia Florestal na USP e tantos outros nomes que compõem o grupo de alunos formados ou estudando em universidades estaduais e federais. Isso prova a capacidade dos nossos educadores e a qualidade do nosso projeto político pedagógico, que não precisa de símbolos e pacotes vendidos para garantir o que sempre defendemos, um humanismo crítico, uma antropologia política da educação, a liberdade de criação, o espírito ético, a decência e a boniteza, como dizia Paulo Freire.
Não nos rendemos às ideologias descaracterizadoras do humano, não nos submetemos à falta de reflexão, garantimos a liberdade de opinião para todos, professores e alunos, não há nenhuma submissão ideológica nem hierárquica que abale as estruturas de uma educação vista como processo contínuo e aberto, cheio de possibilidades para o crescimento intelectual e humano de todos os que compõem esta comunidade. Temos sido pioneiros na implementação de uma educação temática em nossa região e uma metodologia de avaliação que contempla todas as dimensões do ato educativo.
Por fim, nos últimos anos temos ampliado nossa rede de parcerias com escolas de educação infantil que comungam de nossos princípios. Para a realização deste evento contamos com o apoio de vários amigos, como a Editora In House, a Livraria Conhecer, os supermercados MontSerrat, a Escola de idiomas Tubbing e a Gráfica Piacere. E também do apoio de todos os nossos professores, do grêmio estudantil, dos funcionários, do conselho de administração, dos pais, como o Ivan Assaf, que sempre se prontifica a nos ajudar.
Ficamos muito felizes em perceber que parte de nossas vidas está aqui neste espaço privilegiado em meio à natureza, devido à parceria com a AABB. Voltamos para casa cansados, muitas vezes angustiados e preocupados com o futuro, mas com a certeza de que fazemos o que a nossa consciência indica, um trabalho recheado de amor, honestidade, dedicação e, sobretudo, de esperança. Esperamos que vocês se sintam em casa e que aproveitem as experiências que hoje aqui serão compartilhadas.

domingo, 19 de setembro de 2010




Ensino Médio com muito empenho na XVIII Semana Paulo Freire

As equipes arrasaram na abertura. Criatividade, organização e empolgação!!! Parabéns

ARTIGO DO PROF. DR. LINO DE MACEDO

Para um amor florescer

Lino de Macedo
2010


Nos jardins da vida, a planta Amor é da qual mais se fala; talvez por isto mesmo, é a mais difícil de cultivar. É que frequentemente a confundimos com outras plantas e com as ervas daninhas que, toda razão, grassam ao ser redor. Não é assim, por exemplo, com as rosas, que sobressaem aos espinhos que as protegem de nossos toques grosseiros e clamam por nosso olhar de apreciação e encanto, difundindo sua presença aos que estão perto ou longe, com seu cheiro característico e atraente? O que é necessário para um amor florescer? Que distorções podem ocorrer ao longo de sua construção?

Cuidar

Uma das condições para o amor florescer é poder se expressar como cuidado. Cuidar é o mesmo que cogitar, imaginar, pensar. Por extensão, significa tratar de, dar a atenção a; quer dizer também ter cuidado com a saúde, curar. Daí que o amante é cuidadoso com os objetos de seu amor. Qual jardineiro dedicado, ele alimenta seu jardim com tudo o que necessita, o protege dos muitos ataques a que está sujeito, defende, afasta, o que pode prejudicar, aproxima, valoriza o que pode beneficiar. Não são assim muitas mães e pais em relação aos seus filhos? Em seus sonhos, zelam para que possam se orientar, trilhar o caminho que vislumbram para eles. Em suas práticas ou cuidados estão atentos ao que necessitam, ao que lhes faz bem. É que amor, vida e conhecimento são pura fragilidade, pois sobrevivem da qualidade sutil e complexa das relações que entretecem com todas as outras coisas no jardim de suas existências. O amor, por exemplo, há sempre de se haver com a raiva, o ódio, a impaciência, a desatenção. A vida, com as coisas que a prejudica, que a abrevia ou adoece. O conhecimento, com a ignorância, o medo ao desconhecido, a ausência, a preguiça, a indiferença.
O amor como cuidado, às vezes pode nos enganar. Quem cuida, cuida, ou quer ser cuidado naquilo que sonhava ou queria? O que faz uma mãe decepcionada porque o filho que nasceu, não tem o gênero sexual que desejava? Se é irritável e não a deixa descansar ou trabalhar em seus outros trabalhos? Como amar os filhos que fazem o que não gostaríamos que fizessem, que são diferentes, têm doenças ou síndromes difíceis de serem tratadas? Por que cuidar de quem nos perturba, prejudica nossos interesses ou intenções, não nos deixa dormir? Cuidamos deles por amor ou obrigação? Pelas exigências da lei, do dinheiro que isto nos traz, ou pelo respeito e carinho por suas vidas, sabendo-as frágeis e nem sempre favoráveis ao que gostaríamos que fossem? E se eles ficam doentes, morrem, fracassam na escola, na vida: cuidamos, culpando? Cuidamos, com vergonha? Cuidamos, com desesperança? Como perdoar ou compreender um filho que morreu, que se afastou tão cedo de nós, que nos impediu de continuar cuidando dele?

Importar-se por

Nos jardins da vida, do amor e do conhecimento o segundo passo no caminho de seu cultivo amoroso é o importar-se por alguém ou alguma coisa. Quem se importa, observa; quem observa, age. É que observar significa proteger e guardar. E proteger e guardar são ações de cuidado, que revelam importância. Segundo Whitaker Salles (2002), “a idéia mais forte de proteção, no inconsciente coletivo, é justamente a dos pais a observar os filhos” (p. 167). Conservar (“manter o que deve ser protegido”), preservar (“prevenir”) e observar (“prestar atenção”, “vigiar”) são ações de cuidado que expressam amor, interesse, valia.
Importar, segundo Viaro (2003, p. 180) quer dizer “carregar para dentro”, “fazer vir de outro lugar”. Daí que o importante “deve ser trazido para dentro”. Dizer que algo é importante significa, pois assumir que ele tem valor para nós, que vale nosso sacrifício, como é próprio às coisas sagradas. E o amor é algo sagrado, nos ensinam as religiões, os filósofos, os cientistas. Querer ter um filho biológico leva uma mulher a gestá-lo dentro de si. Querer ter um filho psicológico leva uma mãe a trazê-lo para dentro, pois seu amor significa observar, cuidar, importar por ele, ele que é agora um outrem de si mesma.
O amor significando importar-se por, também apresenta suas distorções. E estas talvez sejam mais difíceis de observar ou suportar do que as trapaças do cuidado. Nos importamos ou queremos ser importantes? Um pai, professor ou mãe se julgam importantes para seus filhos ou alunos ou se importam por eles? As rosas do jardim são uma homenagem ao jardineiro? São elas que roubam o perfume de nossos cuidados e valores, ou nós que estamos a serviço dele, através delas, que o possuem? Em quem prestamos atenção: aos que se importam ou ao que é importante? O que vale mais: quem traz ou carrega para dentro, ou o que é trazido ou transportado para dentro de nós e, por isto, se tornou uma parte de nós? Quem se julga importante se autoriza a cobrar, controlar, reclamar, possuir, descartar. Quem se importa, ama, traz para dentro, transforma-se em razão do outro. Queremos, suportamos isto?

Compartilhar

O terceiro passo nos caminhos do amor é o saber e querer compartilhar. Compartilhar vem de partir, “dividir em partes”, “proceder”, “ir embora”. Se aprender a cuidar e se importar por (alguém ou alguma coisa) são difíceis, o que dirá saber compartilhar? A mãe compartilha com o pai o mesmo filho. Este sendo um todo, deixa-se, por amor, se dividir por eles. Sente-se dos dois, quer os dois, se possível para sempre. E quando os filhos vão embora de casa, vão para a escola, vão para a vida, na mãe este “vão” está feliz porque pensa que compartilhar faz bem para eles, é seu direito e necessidade. Ela intui que ao partilhar, não perde, pois ganha na volta o perfume das rosas que seu filho encontrou nos outros jardins. Ela intui que mãe (família), professora (escola) e cidade ou comunidade são parceiros de um objetivo comum: cuidar e se importar pelo que vale a pena. O amor, neste nível, partilha, deixa ir embora, porque não teme perder o que ficou, nem se prejudicar pelo que será trazido de volta, pelo que vai influenciar. Ela intui que a complexidade da educação supõe muitas pessoas e coisas ao serviço, cheio de cuidados e importância, do que é frágil, transitório, apesar de valioso. Não são assim a vida, o amor e o conhecimento? Como compartilhar com eles, os seus contrários - morte, ódio e ignorância - sabendo-os parte de um mesmo todo?
Os descaminhos do compartilhar são mais fáceis de acontecer que os do se importar e cuidar. Quantas vezes, aliás, invocamos o cuidar e o se importar como “razões” para não compartilhar? Quantas vezes não compartilhamos ou compartilhamos pouco, por medo de perder, por causa dos ciúmes, da inveja, da raiva, do ressentimento, da chantagem, da vingança? Quantas vezes, uma mãe compete com a professora, temendo que o filho de casa valha menos do que o mesmo aluno na escola? Ela suporta saber que “eles” - aluno e filho - são partes da mesma criança e que esta criança não é da mãe, nem da professora, não é propriedade delas, apesar dos cuidados e da importância que lhe atribuem? Quantas vezes deixamos de colaborar, de ajuntar forças, por que não sabemos dividir, não sabemos deixar partir, inseguros de que sua volta possa não acontecer, esquecidos de quem talvez retornem melhores do que eram? O que dizer dos amantes e seus sentimentos de exclusividade e posse? O que dizer dos colegas e sua indisponibilidade ou desinteresse pelo que lhes é comum? O fato é que nossa forma de compartilhar, muitas vezes, assume a forma de competir, ignorantes de que competir, não é comparar e perder, mas é “lançar-se (muitos) na mesma direção” (p. 180).

Cooperar

Chegamos ao último estágio ou passo no caminho do amor. É o mais difícil, o mais valioso. Cooperar é fazer coisas junto em torno ou em nome de algo maior. Na cooperação compartilhamos em favor de algo além de nós. Não é isso que fazem os pais em seu projeto de criar e educar seus filhos? Não é isso que faz uma comunidade científica ou grupo de pesquisadores em seus compromissos de conhecer ou produzir algo que seja benéfico para todos, que possa ser justificado socialmente, que possa valer eticamente? Cooperar supõe autonomia, respeito mútuo, reciprocidade, responsabilidade, liberdade, trabalho em grupo. O que justifica a cooperação é o amor que atribuímos não ao outro ou a nós mesmos, mas àquilo que juntos estamos fazendo. É nele que nos perdemos e é através dele que nos reencontramos, quem sabe melhor, quem sabe mais conscientes de seu valor. O princípio da cooperação é o amor (ao conhecimento, à vida, ao que vale a pena ser realizado), mas o trabalho conjunto, a disciplina ética, a paciência, o esforço, a concentração são os procedimentos que tornam possível realizar ou compreender aquilo que diz amar.
Cooperar pode se revestir de muitos embustes. Não é assim, também, com o amor? Em nome dele, quantas coisas já fizemos, quantas coisas já nos fizeram? Pais dizem amar seus filhos, mas se recusam a cooperar em favor deles, porque o projeto “continuar casados” fracassou. Por que cooperar se nos sentimentos enganados, traídos? Como cooperar se mal e mal conseguimos cuidar de nós mesmos? Se não aceitamos perder, se não queremos arriscar? Quantas vezes em nome da cooperação, justificamos a rigidez, a submissão, a renúncia ao que é diferente? Quantas vezes, em nome da “diferença” ou da “liberdade” justificamos o não se entregar ou dedicar ao que, através de nós, está além de nós?

No jardim da vida e do conhecimento, o amor não morre. As pessoas, que amam, morrem. Mas, se, de fato amaram, terão distribuído ao longo de sua vida seu legado amoroso, que se expressou como sementes plantadas nas pessoas e coisas que fizeram de sua vida. Daí que a morte dos que amamos não destrói nosso amor por eles, pois agora faz parte de nossa saudade, é parâmetro de nossas vidas, pois fomos deles beneficiário.

O amor é silencioso. Ele se manifesta como cuidado, dar importância, compartilhar e cooperar, ou seja, como atividade que cria vínculos, tece relações, realiza projetos. O amor não é apenas um observável, algo sobre o qual se fala, mas uma forma de coordenação, uma qualidade de criar nexos entre nós e os outros, nós e todas as coisas. Quem busca o amor pode não encontrá-lo, ou o encontrando, nem reconhecê-lo. Por ser uma prática, ele já está em nós, esperando por nós. Mas, só o descobrimos através dos outros, do que fazemos para eles ou em seu nome. Não é assim também com as rosas? O perfume é delas ou de todas as coisas interdependentes que o tornaram possível? O perfume é delas ou do jardineiro que as cultivou, também para nós?

Notas bibliográficas

1. Sem qualquer compromisso de fidelidade ao conteúdo, devo a “inspiração” deste texto ao que Stanley Kelerman escreveu em “Amor e vínculos: Uma visão somático-emocional”, especialmente no capítulo, “Os estágios do amor” (São Paulo: Summus, 1994).
2. Vali-me, também, das idéias de Jean Piaget, especialmente em seu livro “Sobre a Pedagogia” (São Paulo: Casa do Psicólogo, 1998), quando ele analisa o valor da autonomia, da cooperação, do trabalho em grupo e do self-government em nossos processos de desenvolvimento.
3. Os que me conhecem sabem o quanto sou grato aos dicionaristas, pelo que me ajudam a pensar sobre a história e a sabedoria das palavras. Na escrita deste texto recorri aos seguintes dicionários:
a. Cunha, A. G. Dicionário etimológico da Língua Portuguesa. São Paulo: Nova Fronteira, 1982
b. Silva, D. De onde vêm as palavras: Origens e curiosidades da Língua Portuguesa. São Paulo: A Girafa Editora, 2004.
c. Viaro, M. E. Por trás das palavras: Manual de etimologia do Português. São Paulo: Globo, 2004.
d. Whitaker Salles, M. F. Dentro do dentro: Os nomes das coisas. São Paulo: Mercuryo, 2002.

sábado, 18 de setembro de 2010

PALESTRA COM LINO DE MACEDO NO ÚLTIMO DIA DA SEMANA PAULO FREIRE

Para fechar a Semana Paulo Freire com chave de ouro, convidamos o Prof. Dr. Lino de Macedo para uma palestra a pais e educadores .
Lino, especialista nos estudos sobre o Construtivismo, falou sobre "Construção e Transmissão".
O evento contou com um grande número de participantes e foi um sucesso!!!!












QUINTO DIA DA SEMANA PAULO FREIRE

O quinto dia foi artístico!!!! Aconteceu o esperado Festival de Talentos!!!!

As professoras deram um show de "Lady Gagá"...



Teve muita música!


Show de piadas!


Dublagem.






Mais música...


E para fechar: "Luan Santana" com as professoras de novo!!!!
Depois do lanche, a última brincadeira para pontuação das equipes: Empilhar caixas!!!!




quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Quarto dia SPF

O quarto dia foi de muita diversão na Semana Paulo Freire 2010.
Tiveram jogos no mini campo do Clube AABB, brincadeiras, e a esperada Mala de cacarecos... que delícia!!!! Pena que está acabando!







TERCEIRO DIA DE ATIVIDADES SEMANA PAULO FREIRE

O terceiro dia de atividades foi recheado de movimento...

Teve Feira de Livros...





Os alunos do Ensino Médio, juntamente com o Professor de Física, o Edmundo, lançaram foguetes de garrafa pet... uma alegria para os pequenos!!!